Resolvi fugir, sair fora, dar no pé, me esconder sem deixar rastros. Dei no pira sem avisar ninguém, peguei uma nave pra longe, parei num planeta qualquer, andei a pé por alguns quilômetros. Caminhei até não aguentar mais e adormeci nem sei onde. Ao acordar, tinha sede e fome. Voltei a caminhar e consegui chegar até uma casinha no meio do nada. Bati à porta. Estava apenas cerrada e abriu-se. Adentrei e percebi que estava arrumadinha, limpinha, até parecia me esperar. Havia água e pão sobre uma mesa. Nem racionalizei. Bebi e comi. Pensei comigo: -enfim consegui fugir de mim. Fechei os olhos e mais uma vez adormeci. Acordei com o som do smartphone. Acendi a luz e dei de cara com a minha cara no espelho. Lá estava a minha triste figura, com meu boné tentando disfarçar a careca, os cabelos brancos pipocando por todos os lados, a velha bolsa com tudo que sou e o velho olhar sonhador, já meio assombrado por pequenas cataratas em formação. Tá cada vez mais difícil a gente escapar de si.
Nenhum comentário:
Postar um comentário